A gravidade do pecado sexual

A gravidade do pecado sexual

I Coríntios 6:12-20

Eis uma cena inusitada: Uma menina de onze anos, está indo para casa vindo sozinha da escola. De repente um homem sai das sombras detrás de uma árvore trazendo algumas fotos pornográficas e apresenta diante dos olhos da menina. Ela fica muito assustada e corre para a segurança da sua casa. Nessa situação o que você faria?

A) Não faria nada. As crianças precisam saber a respeito do mundo.

(B) A culpa é da menina, afinal ela poderia ter tomado outro caminho para casa ou poderia ter ido com os outros colegas.

(C) Notificaria as autoridades, pois o homem deveria ser preso.

(D) Levaria a garota para uma longa caminhada para explicar a ela a respeito de sexo.

Lamentavelmente, em nossa sociedade todas as quatro opções  poderiam ser escolhidas dependendo do nível de moralidade. É reconfortante saber que uma grande parte de nossa sociedade ainda acredita que a proteção das nossas crianças deve ser mantida.

Agora vamos mudar este cenário um pouco. A menina está sentada em casa, trabalhando em seu dever de casa para a escola. Ela está usando o computador, mas não está navegando na Internet, apenas trabalhando sozinha. Ela não consegue encontrar um arquivo no qual estava trabalhando, então ela começa olhar outros arquivos. Ela encontra uma pasta chamada “arquivos temporários da Internet”. Ela clica ali e encontra outros arquivos estranhos. Ela abre um deles e é mostrado imagens pornográficas deixadas ali por um homem que estava se escondendo nas sombras de sua própria casa.

O homem que estava olhando aquela pornografia é seu pai.O que fazer neste caso?

(A) Não faria nada. As crianças precisam saber a respeito do mundo.

(B) A culpa é da menina, afinal ela não deveria ter mexido em nenhum arquivo que não era dela ou poderia ter pedido ajuda a sua mãe.

(C) Notificaria as autoridades, pois o homem deveria ser preso.

(D) Levaria a garota para uma longa caminhada para explicar a ela a respeito de sexo.

Estranhamente, a maioria das pessoas vai responder a essa pergunta de uma maneira diferente do que eles responderam à primeira pergunta. Queremos proteger os nossos filhos de todo o mal, mas não vemos nenhuma mal quando os pais expõem a criança ao erro.

O que é errado continua sendo errado independente do nosso tipo de raciocínio. O lar deve ser um lugar de segurança, mas agora esta garota de onze anos se sente muito insegura e angustiada. Não é da vontade de Deus que nossos filhos sofram esse tipo de ataque espiritual.

1. “Você não pode me dizer o que fazer.”V. 12 - “Todas as coisas me são lícitas...”

Paulo está respondendo a um raciocínio dos coríntios. Eles gostavam de afirmar que tudo agora lhes era lícito. Mas isso é um abuso da idéia de liberdade cristã. Eles tomaram a verdadeira liberdade que temos em Cristo e a usaram como um meio para viver no pecado.

O apóstolo de fato confirma que todas as coisas são lícitas porque temos liberdade em Cristo, mas isso não significa que tudo é “útil” ou conveniente. Ele ainda mostra que algumas dessas coisas lícitas podem ainda nos escravizar e isso não é apropriado para alguém que foi livre do pecado.

Paulo fala em outra parte nas suas cartas de liberdade cristã como sendo deixar para trás o legalismo da lei do Antigo Testamento e mostra que a liberdade hoje é seguir o Espírito Santo. Os coríntios estavam usando da liberdade que tinham para caírem na libertinagem sexual.

Observe que a desculpa usada pelos coríntios há muito tempo é a mesma desculpa usada ainda hoje para justificar muitas experiências sexuais. “Eu posso fazer o que quiser – é o meu corpo”. “Ninguém está se machucando, então não há nada de errado com o que estou fazendo.”

2. “Eu tenho que expressar o que sinto.”- V. 13. Os alimentos são para o estômago, e o estômago, para os alimentos

Paulo mais uma vez repete o argumento usado pelos coríntios: “a comida é para o estômago e o estômago para os alimentos”. Essa afirmação basicamente apresenta a idéia do determinismo biológico. Ou seja, se eu sinto um desejo no meu corpo, então naturalmente eu posso satisfazer esse desejo. Eles estavam dizendo: Assim como a fome no meu estômago é um sinal do impulso biológico certo e bom para comer, o apetite sexual é um sinal do corpo que me dá o direito biológico de ter relações sexuais.

Até hoje este é um dos principais argumentos no debate da homossexualidade. O raciocínio é que se sinto uma atração por uma pessoa do mesmo sexo, então isso é algo natural, algo que precisa ser suprido. Em outras palavras: “é a maneira que Deus me fez.” É claro que nunca é mencionado que, por esse mesmo raciocínio, deveríamos desculpar um marido que comete adultério. Afinal, ele só sentiu um impulso biológico para ter sexo quando viu sua secretária vestida sensualmente. Se todos os desejos sexuais são para ser supridos, então ele só estava agindo de forma natural.

Tudo isso, evidentemente, é ridículo. Quando essa linha de raciocínio é empregada, o resultado é a destruição de todos os padrões morais. Não podemos seguir cegamente todos os nossos impulsos biológicos porque somos pecadores e, portanto, muitos de nossos desejos são na direção do erro. O sexo é um belo presente de Deus, mas foi contaminado pela queda, por isso precisamos ser muito cuidadosos com os desejos que fluem de nosso corpo.

Por que os cristãos devem fugir do pecado sexual?

Antes de avançar Paulo desmonta esses dois argumentos dos coríntios. Ele mostra a grande importância do corpo em nossa vida cristã. Embora o contexto imediato da situação seja o pecado sexual, é fundamental entendermos o elevado respeito com que nós, como cristãos, devemos tratar o nosso corpo. Nós muitas vezes agimos como se apenas o espírito fosse importante, mas a verdade é que o corpo também tem um significado eterno.

Há cinco pontos que eu quero realçar para mostrar por que os cristãos devem fugir do pecado sexual. Cada um deles tem a ver com Cristo e suas afirmações sobre o nosso corpo físico.

Para tentar explicar de forma simples uma passagem difícil, vou usar um pedaço de papel como um exemplo para cada um desses cinco pontos. É uma folha de papel com uma marca d’água sobre ele. Nessa marca está escrita a palavra “porneia”, que significa “imoralidade sexual” no grego (v. 18). A folha de papel vai nos servir como um símbolo do nosso corpo físico.

1. Esse papel custou um preçoV. 20 - “Porque fostes comprados por bom preço”

O papel que você segura em sua mão não é um papel barato. Não é uma folha de papel reciclado retirado do lixo. Esse é um papel de alta qualidade que custa muito caro.

Você (incluindo o seu corpo) foram comprados por um alto preço. Custou a Deus o seu Filho unigênito, a sua salvação. Sabendo do alto preço que Jesus pagou, devemos ser diligentes em nossa fidelidade, tanto com o nosso espírito quanto com o nosso corpo. Nossa gratidão por termos recebido um presente tão caro se traduz em um desejo de viver radicalmente em obediência a Jesus.

Tomar um papel tão caro e desperdiçá-lo com “porneia” é uma vergonha. Tomar o corpo e o espírito comprados pelo sangue de Cristo e desperdiçá-los usando-os para a imoralidade sexual é desprezar o sacrifício de Cristo dizendo que não teve muito valor.

2. Este papel tem uma marca d’águaV. 19 - “o vosso corpo é o templo do Espírito Santo”

A marca d’água, que está impressa no papel, é um lembrete do fabricante e proprietário. O Espírito Santo que está dentro de nós é uma lembrança de quem nos fez e de que nos redimiu.

É uma coisa incrível que o Espírito Santo de Deus possa habitar no interior de vasos de barro que são os nossos corpos.

Nós gostamos de afirmar essa verdade quando passamos por vales de desespero ou por tempos difíceis para encontrarmos conforto em Sua presença. Nós gostamos de afirmar essa verdade quando queremos ter certeza de que Deus nunca nos deixará ou nos abandonará. Mas ficamos bem menos interessados em pensar sobre a presença do Espírito dentro de nós quando se trata de situações em que estamos sendo tentados na direção do pecado, sobretudo o pecado sexual.

O Espírito Santo está em nós e isso deve afetar profundamente o que fazemos com o nosso “papel”.

3. O papel está manchado pela tinta da palavra “porneia”V. 18 - “. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas aquele que se prostitui peca contra o próprio corpo”

Olha a tinta e veja como ela deixa o papel manchado. Paulo afirma que qualquer outro pecado é fora do corpo, mas quando nos envolvemos no pecado sexual nós pecamos contra o nosso próprio corpo. Existe algo diferente a respeito dos pecados sexuais e de como eles afetam a nossa alma.

Converse com alguém ferido e cheio de culpa por ter se entregado a alguém só para ver a relação ser desfeita logo depois. Converse com alguém cuja longa história de promiscuidade sexual está afetando o casamento dele agora. Converse com alguém que tenha lidado com o estupro e veja como eles se sentem. Algo foi roubado de dentro da alma deles.

Gosto de pensar na analogia de uma fita adesiva. Cada vez que você usa uma fita adesiva ela fica um pouco menos pegajosa. Ela ainda pode ser de alguma utilidade, mas o vínculo não é o que era originalmente. Isso não é diferente do que acontece quando dormimos com pessoas diferentes. Cada vez que pecamos, um pouco menos do vínculo que poderíamos ter com o nosso cônjuge é deixado lá.

Quando um homem se une a uma mulher os dois se tornam uma só carne. É como se duas folhas de papel fossem coladas uma à outra. Quando tentamos separar as duas filhas elas já não são como antes pois algumas partes foram rasgadas. Assim é o pecado sexual, ele produz um tipo de união de alma que deixa marcas nas pessoas.

Eu não quero dizer que os pecados sexuais não podem ser perdoados. Eu não estou dizendo isso. Deus pode perdoar todos os pecados. O que Paulo está dizendo aqui é que o pecado sexual  não é apenas um pecado espiritual – é também um pecado contra o nosso corpo. Já que nós raramente pensamos isso, nós precisamos insistir sobre as repercussões físicas do pecado.

Na verdade nós sabemos que o sangue nos lava da sujeira do pecado, mas a mancha deixada leva algum tempo para sair. Paulo diz em Efésios 5:26 que essa mancha é removida pela água da Palavra de Deus.

4. Esse papel é parte do grande livro de DeusVv. 15-17 - “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo?”

É muito ruim termos escrito “porneia” em nosso pedaço de papel. Esse é um mau testemunho diante dos homens pois somos parte do Corpo de Cristo.

Imagine um livro – “o livro de Cristo – milhares de páginas colocadas juntas. Você folheia páginas e páginas que tem sido escritas sobre fidelidade, amor e esperança. Palavras de serviço e sacrifício. Cada página é a história de um cristão que viveu para o Senhor Jesus. Em seguida, vira a página e se depara com uma página onde esteja escrito “porneia”, com grandes letras pretas. É algo grave manchar assim o “livro de Cristo”. Isso acontece sempre que pecamos e não nos arrependemos. O pecado não só mancha a página – ele diminui o valor e a dignidade do livro. Você não pode transformar o livro de Cristo num livro de pornografia. O Senhor certamente arrancará essas páginas.

Precisamos lembrar que somos parte do Corpo de Cristo e o que fazemos traz impacto não apenas a nós, mas a todo o corpo, bem como ao nome de Cristo.

5. O papel será queimado e refeitoV. 14 - “Deus. . . vontade. . . nos ressuscitará a nós pelo seu poder. “

A forma casual com que muitos de nós tratamos os pecados sexuais tem a ver com a vida limitada do nosso corpo.

Assim alguém poderia argumentar: “se o pecado sexual é um pecado contra o nosso corpo e o nosso corpo vai acabar como poeira e cinzas então esse pecado não é tão grave assim”.

Na verdade, é. Nós, como cristãos acreditamos na ressurreição do corpo. Deus pretende glorificar-nos naquele dia. Mesmo agora “o Senhor é para o corpo” (v. 13), também na eternidade nosso corpo de poeira e cinzas será transformado em um corpo de ressurreição e glória.

A importância disso é que não devemos tratar o nosso corpo como um “recipiente para jogar lixo” que não tem valor duradouro, mas como algo que vai estar com a gente (embora de uma forma muito melhorada) por toda a eternidade.