O Crescimento é Real ou Aparente?

Alguns líderes nunca imaginaram que existem dois tipos de crescimento, por isso se deixam enganar por uma célula cheia de gente. Presumem que o importante é ter a célula grande. Entretanto, é possível ter uma célula cheia de pessoas que ainda não nasceram de novo. Não adianta multiplicar uma célula assim, os membros precisam primeiro renascer. Não queremos agregados, queremos filhos regenerados pelo Espírito. Antes que possamos fazer a multiplicação, precisamos checar a realidade espiritual desse grupo.
Em tempos de intensa guerra espiritual, precisamos ser cautelosos e cheios de discernimento espiritual. É fácil guerrear quando o inimigo se opõe a nós de forme visível e acintosa. A guerra, porém, torna-se muito mais perigosa quando o inimigo parece estar do nosso lado, nos tecendo elogios. Até parece que o inimigo desistiu de se opor e tornou-se um de nós. Esse fato pode ser visto na História da Igreja, no quarto século, quando Constantino tornou o cristianismo a religião oficial do Império Romano. A igreja explodiu. Da noite para o dia, todo o império foi agregado à igreja. Parecia o sinal de uma grande vitória da igreja, mas era tudo aparente: o que parecia ser uma benção foi, na realidade, uma maldição e uma derrota.
O crescimento experimentado pela igreja naquela época foi aparente, não foi real. Alguém pode argumentar que o importante é que as vidas venham para a igreja, mas precisamos ser zelosos e não confundir membresia com novo nascimento, frequência dominical com compromisso, mudança de religião com mudança de vida.
Em Mateus, capitulo 13, temos duas parábolas proféticas ditas por Jesus (na verdade, todas as sete proferidas nesse capitulo são proféticas): a parábola do grão de mostarda e a do fermento. Ambas apontam para o crescimento irreal da igreja e são uma advertência para que não caiamos no mesmo erro.

  1. A Parábola do grão de mostarda
Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo; o qual é, na verdade, a menir de todas as sementes, e, crescida, é maior do que as hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos. (Mt 13.31,32)

Historicamente, essa parábola foi interpretada como sendo sinal do crescimento da Igreja que, sendo uma pequena semente, veio a se tornar uma grande árvore, e as aves seriam as pessoas cansadas que encontram pouso na Igreja. O problema dessa interpretação é que ela violenta todo o contexto e a lógica bíblica. Em primeiro lugar, Deus determinou que casa semente reproduza segundo a sua espécie, mas o grão de mostarda, que é uma hortaliça, veio a se tornar em uma grande árvore. Houve aqui uma degeneração na sua constituição, que aberração da natureza.

No mesmo capítulo 13 de Mateus, no verso 19, Jesus disse que as aves do céu são demônios. Por uma questão de coerência com o contexto, temos que admitir que as aves que vêm se aninhar na árvore são também demônios. A maior parte dos comentaristas bíblicos concorda que essa parábola se cumpriu na Igreja Católica, mas eu pergunto: somente na Igreja Católica? A igreja romana prostituiu-se em todos os lugares onde entrou. Para agradar os orientais que veneram os mortos, ela criou o dia dos mortos; para conciliar o paganismo, criou o Natal, que originalmente era a festa do sol. Em todos os lugares há o sincretismo, para que a igreja possa crescer, atingindo o fim proposto, sem no entanto, valorar os meios pela ótica de Deus. Mas esse é um crescimento degenerado e o resultado é que a igreja que o pratica torna-se ninho de demônios. Precisamos ser cautelosos para, em nosso desejo de crescimento, não incorrermos nesse mesmo erro.
Isso acontece quando somos conciliadores com o sistema do mundo. Quando procuramos a aprovação e o elogio de todos. Quando queremos ser modernos e contextualizados. Quando não queremos ser chamados de caretas e nos moldamos para agradar aos homens. Tudo em nome do crescimento, mas qual crescimento – o real ou aparente?
    2. A parábola do fermento

Disse-lhes outra parábola: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo elevado. (Mt 13.33)

Na segunda parábola, o Senhor nos fala de uma massa que cresceu, mas não aumentou o seu tamanho. Ela apenas inchou. Essa parábola também tem sido interpretada de forma positiva pela igreja, no decorrer dos séculos, como sendo o crescimento. Ela seria o fermento e a massa esse mundo que será levedado, ou seja, influenciado pela igreja.
Interessante essa interpretação. O problema é que o fermento é algo negativo em toda a Bíblia. Porque somente nessa parábola seria positivo? Definitivamente, Deus abomina o fermento ( Leia 1Co 5.6-8, Gl 5.9, Ex 13.17 e Mt 16.6). Creio que o fermento na massa também aponta para o crescimento, porém um crescimento aparente, sem consistência e sem realidade. Creio no crescimento, busco o crescimento, mas quero somente aquele que vem de Deus e não o que vem por meio do fermento. Essa é a tática do diabo, nestes dias, contra a igreja: iludir alguns com um crescimento sem consistência.

Mas o que significa o fermento nessa parábola? Quero enfatizar, pelo menos, quatro significados:
Aparência, Facilidades, Impurezas e Pecado.

O primeiro significado do fermento é a aparência.

Ela faz com que a massa cresça e isso nos impressiona. Entretanto, se enfiarmos o dedo na massa, ela murcha. O que houve com aquele volume? Era só aparência. Por isso que precisamos ser cautelosos para edificar igreja e não movimentos; um corpo e não uma organização; um edifício espiritual e não um depósito de material de construção. De que adianta dizer que temos tantas células se elas não tiverem consistência e realidade? Não queremos agregados, queremos gerar filhos genuínos transformados pelo poder de Deus.

O segundo significado do fermento, ele faz com que a massa se torne macia e fácil de ser absorvida.

Um pão sem fermento é duro e consistente - difícil de ser comido. Vivemos hoje uma época perigosa, em que o Evangelho vem perdendo sua profundidade e tornando-se algo diluído e superficial, sem a intensidade devida ao Espirito. Preocupa-me aqueles pregadores que têm diluído tanto a mensagem, nem sei se ainda pregam mesmo o Evangelho. Uma mensagem assim produz crentes frágeis e inconsistentes, que buscam eternamente um Evangelho fácil e de bençãos, que se escandalizam quando são chamados para tomar a Cruz. Muitos não geram discípulos porque tiraram a cruz de sua mensagem para não tornar o pão duro de comer.

O terceiro significado é que todo fermento é um tipo de impureza.

Se colocarmos algo sujo dentro de um copo de leite,esse, imediatamente, vai talhar. Toda impureza é levedo, é fermento. Devemos buscar o crescimento, mas precisamos tomar cuidado com a permissividade, com a leviandade, com a impureza; com as coisas que vêm travestidas com a graça barata e a falsa liberdade de Cristo. Como líderes de célula, temos que zelar pela santidade e pela pureza da igreja.
Sabemos que a santidade não é algo com apelo popular, por isso, muitos líderes nem a mencionam em suas mensagens. Mas crescimento sem santidade pode ser apenas fermento levedado.

Por fim, o último e mais evidente sentido do fermento, ele é um tipo de pecado nas escrituras.


O fermento no final é cheio de morte. O fermento é feito da própria massa, que foi envelhecida e apodrecida. O mais perigoso, nessa busca do crescimento da igreja, é que esse fermento foi feito da própria igreja, só que envelhecida e deteriorada. Quando algo velho e apodrecido entra na igreja, leveda tudo.

Seja um líder de célula prudente e zeloso. Proponha no seu coração gerar discípulos e não meros seguidores de Jesus. Não negocie a mensagem, nem faça barganha com o preço do discipulado.

O nosso encargo, nestes dias, é pelo crescimento da igreja e pelo estabelecimento do reino de Deus em nossa geração. Tudo isso passa pela visão das células, que têm se tornado, cada vez mais, disseminada.
Observe e aprenda com aqueles que crescem em nosso país, mas veja bem qual o tipo de crescimento que eles possuem – se o real ou aparente.

1 comentários:

  1. Ricardo disse...:

    Belo texto... Ser Um gigante para o aparente e apenas um anão no verdadeiro evangelho...

 
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